Capítulo 33: Explicações

Não foi nada ruim dormir em um colchão no quarto de Elizabeth, eu não me importei, mesmo.

De manhã, como prometido, Michael foi me ajudar a anotar novamente os endereços dos estabelecimentos que precizavam de funcionários.

Fomos a pé, conversamos bastante, na volta, notei que Michael havia se calado um pouco e parecia cabisbaixo, então resolvi perguntar:

"O que houve? Parece preocupado..."

"Ah, nada, não aconteceu nada, eu só estava aqui pensando em uma maneira de te dizer algo." - ele olhou dentro dos meus olhos, como se pudesse penetrar até minha consciência com aquele olhar hipnótico.

Desviei  o olhar:

"Então diga, é algo importante?" - confesso que um tremor percorreu meu corpo, e eu tinha novamente dificuldade para manter meu coração no rítmo adequado.
"Eu nem sei por onde começar, mas, espere eu dizer tudo esta bem?"
"OK." - concordei tentando ser o mais compreensiva possível.
"Bom, voc~e havia me perguntado aquele dia no carro, de onde eu conhecia a sua amiga, Antonietta..." - ele fez uma pausa, caminhando agora mais lentamente com o olhar colado no chão - "Bom, ela era minha namorada..."
Se disser que aquilo não me abalou, se eu disser que aquilo foi indiferente para mim, estarei mentindo completamente, pois aquilo fez com que meu coração batesse mais forte, como se isso fosse possível. Porém não disse nada, pois parecia que ele tinha mais coisas pra falar:
"Isso já faz mais de um ano, namoramos por dois anos. Eu a conheci na festa de um amigo, eu gostei dela, ela gostou de mim, trocamos nossos telefones, e eu disse que queria ter a oportunidade de conhecê-la melhor. E assim fiz, uma semana depois da festa,  nos encontramos em um restaurante, e semana após semana, fomos nos encontrando cada vez mais, e dentro de um mês, estavamos namorando."
Ele fez outra pausa e me observou, eu podia sentir seu olhar sobre mim, embora não estivesse olhando diretamente para ele.
"Nisso ela tinha 19 anos. Um pouco depois de completarmos dois anos de namoro, eu saí mais cedo do trabalho, ela não sabia, então passei na loja em que ela trabalhava, sabe, para fazer uma surpresa, comprei até uma caixa de chocolates. Quando cheguei n aloja, avistei-a de lonje abraçando um cara, no momento pensei que podia ser alguém de sua família ou até mesmo um amigo, mas depois eles se...hmm, beijaram, ela não me viu, então fui embora. Acabei entregando a caixa de chocolates para uma menina que brincava na rua." - ele riu de seu próprio fracasso - "Á noite, ainda naquele dia, ela passou no meu apartamento, então eu contei a ela o que havia visto na loja, ela não negou mas também não confessou, ficou em silêncio absoluto, eu mandei que ela saísse do meu apartamento e que não me procurasse nunca mais, mas acho que ela acabou me encontrando de modo involuntário não é? Bom, foi fácil pra mim esquecê-la, mas eu juro pra você que as únicas coisas que sinto por ela são nojo e pena. Você acredita em mim?"
Olhei para ele, ele me observaa, sondava meu olhar, minhas reações, parecia estar se preparando para uma reação ruim, mas eu acreditei em suas palavras, que foram ditas com uma incrível sinceridade:
"Cláro que acredito, tudo bem, isso já acabou não é?"
"Cláro que sim, há muito tempo!" - ele exclamou - "Agora é você quem eu amo, mas agora, que sei realmente o que é amor, sei que não a amava verdadeiramente igual te amo, pode ter certeza disso."