Capítulo 21: Espinhos...

Tentei desviar o olhar e fixei meus olhos no chão, ele esperava em silêncio a minha resposta.
Contei a verdade, simplesmente a verdade nos mínimos detalhes:
"...então, era isso que eu estava fazendo..."
Quando terminei, Michael levou ás mãos á cabeça e se afastou um pouco, aumentando o tom de voz:
"Por que você não me avisou? Por que não avisou sua Avó, sua prima? Tem idéia do risco que correu lá fora?"
"Cláro! Estou ciente do risco que corri! Mas é justamente por causa desse risco que tento manter todos vocês fora disso! Eles, seja lá quem for! Estão atrás de mim! E não de vocês! Se eu corro perigo, vocês também correm, e não quero isso!"
Michael sorriu sarcásticamente:
"Ha! Não posso acreditar que ouvi isso! Simplesmente não posso acreditar!" - ele fez uma pausa - "Nunca pensei que você fosse egoísta Emanuelle, muito menos que fosse egoísta a tal ponto, de rejeitar ajuda em um momento desse, egoísta a tal ponto de querer correr o perigo todo sozinha!"
"Isto não é egoísmo! Isto é preocupação, eu me preocupo com vocês! Todos vocês! Desde que cheguei á essa casa, venho causando problemas, por culpa minha e de mais ninguém! Você acha que eu me sinto bem com isso? Tento livrar vocês de muitas coisas, tento não demonstrar insegurança, medo, porque não quero que ninguém corra riscos por mim!"
Michael baixou subtamente:
"Problemas não foram as únicas coisas que você causou aqui nessa casa." - ele saiu e fechou a porta atrás de si - "Volte á dormir, amanhã a gente conversa."
Deitei-me na cama descontente e tensa com a briga. Pensei que amar fosse fácil, mas acabei de provar o contrário, e em um raro momento de inspiração anotei a seguinte frase em uma folha em branco e a guardei na gaveta do criado mudo:

"O amor pode ser lindo como uma rosa, mas nunca se esqueça de que as rosas tem espinhos..."

Dormi ainda com a frase na mente, rezando para que o amanhã chegasse logo, pra que as coisas pudessem se acertar, e pra eu poder ver um sorriso novamente brilhar em seu rosto.